terça-feira, 5 de janeiro de 2010

o melhor de Reidy

O melhor de Reidy.
Tales Bedeschi e Daniela Parampal (clique para ampliar)


Nas décadas de 40 e 50 o Brasil era conhecido pela excelência do seu café, seu futebol e seus arquitetos. Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Afonso Reidy são alguns nomes da arquitetura moderna aclamados pelo mundo inteiro.
Hoje temos o que sobrou de uma utopia modernista que conjuga excelência e arrojo arquitetônico com o descaso das autoridades. Construído para abrigar o baixo-funcionalismo do Estado Federal (cuja a capital até então, era o Rio de Janeiro), o Conjunto Habitacional do Pedregulho consagrou-se como um dos melhores projetos de habitação popular. Para Afonso Reidy, moradia popular não era sinônimo de baixa-qualidade. Um projeto que, até hoje, é superior à maioria absoluta dos projetos de habitação popular no Rio.
Reidy projetou, por exemplo, uma lavanderia coletiva pensada com o objetivo de poupar tempo da dona de casa. Hoje a lavanderia não existe mais, como várias outras propostas do arquiteto, pois suas máquinas estragaram e nunca foram repostas.
Num projeto pensado para que suas formas e distribuição do espaço induzissem o morador a uma vida "melhor", o Conjunto do Pedregulho vive assim: fragmentado, desconjutado, num limbo entre a excelência e a precariedade. Quando mecanismos da "máquina de morar" não funcionam mais ou são substituídos, o projeto moderno se faz em pleno movimento. E como dizem que arquitetura não é o projeto em si, mas o que o usuário faz dele, temos um espaço em pleno vigor. De reformas, a puxadinhos, a troca da decoração externa, improvisos e jeitinhos, os moradores fazem do prédio uma colcha de retalhos, de diferentes tempos e espaços.
Há ainda os que dizem que isso é um sacrilégio, que destrói o patrimônio. Mas a gente vai levando essa rima.

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