quarta-feira, 30 de setembro de 2009

sexta no museudomuseu

Na sexta, dia 25/set, a Kaza consegue marcar o tão esperado encontro com a artista e professora Daisy Turrer. Dedicada observadora da Kaza Vazia, Daisy é sempre convidada nas Mezas Vazias (3ª, 5ª, 8ª edição da galeria de arte itinerante). Há tempos, ela lembrava da vontade de encontrar com o grupo a fim de discutirmos algumas idéias, algumas diretrizes e o tempo por vir da Kaza.
Conversamos sobre a 8ª edição e acabamos for fazer um grande apanhado da trajetória do coletivo. A avaliação da última ocupação foi um dos pontos reforçados.
Daisy colocou que a Kaza poderia investir de maneira mais específica nos seus projetos, para além do que é encontrado no espaço. Por exemplo, o trabalho das escadas de arte; pensamos: porque não investir maciçamente? Por que explorar as possibilidades dessa idéia apenas contando com os restos de madeira encontrados pela casa? Por que não pensar em adquirir mais madeiras para projetos maiores?
Daisy batiza a reunião da documentação, materiais, vídeos, fotos e textos da Kaza, em homenagem ao espaço, como Museu-do-museu-da-Kaza-Vazia.
Concluímos que um grande número de pessoas pode dificultar os processos do coletivo. Ela pode se propor a formatos mais enxutos, sem deixar de ser diversa e alimentar da sua heterogeneidade.
Ainda sobre o aprimoramento da performance da Kaza, precisamos assumir a existência de um núcleo que cuida dela para além das ocupações temporárias. Kazeiros que pensem ela e mantenham suas relações aquecidas. Isso não implicaria em contrariar a sua dinâmica nômade e efêmera, mas sim em abrir a uma nova frente de trabalho responsável pela produção da Kaza em outras instâncias.
É interessante pensar um novo formato para a Kaza: sem mudar a sua identidade, que talvez seria a sua diversidade.
Em arroubos poéticos que revelam sempre a sua paixão pela gravura, Daisy compara a P.E. (prova de estado) à K.V. (Kaza Vazia). Traz um sentimento de “ainda não”, de incompletude.
Conversa vai, conversa vem, ela me lembrou de alguns dizeres do Blanchot, no Livro por Vir. A minha imagem da sua fala foi várias cazas numa mesma imagem, como uma fotografia de nove exposições: "a experiência de uma edição compõe e contém as várias outras próximas".
E pensamos, em todas elas precisaríamos morar? Devemos pensar bem antes de tomar essa atitude. Tratar com questões políticas, sociais (poeira levantada na Kaza 8): ao fazer essa escolha deve-se pontuar o contexto, adentrá-lo e 'localizá-lo no mapa'.
Galerias de arte dentro da Kaza (um coletivo que se diria“não-institucional”): “mode moinho que mói a si mesmo” – Daisy (mas essa frase eu ouvi assim. Deslocamentos que o ar do MuseudoMuseu faz com os sons).
E contamos sobre os nossos planos, a nossa sede fixa no Mercado Novo, um projeto do início do ano que agora é retomado. O Horário Komercial está sendo limpado. E precisa ser estimulado. Que tal ler um texto de Borges, em conjunto, em suas salas? E poesias, que criem dinâmicas de ações fortes e poéticas.
“O imaginário não tem paredes” – disse a Daisy, deslumbrada. E disse que chegaria o tempo em que a galeria ia deixar de existir e bastaria a gente olhar pro céu. E o seu próximo trabalho seria uma instalação de chuva.. (eu ia pedir pra ajudar pra aprender a montar).
E apresentando pra ela o Projeto Pedregulho, pensamos que ela seria uma edição da Kaza Vazia distinta (mas como todas são diferentes entre si). Vamos prestar um serviço, temos propósitos já definidos. Vamos ativar espaços.
Energia dourada de sol aquece as paredes da Kaza Vazia. Sinceros agradecimentos à querida Daisy.

25/set
[Marconi, Marina Rb, Lucas, Andréia e Davi, Maíra, Tati, Poeira, Luis, Alê, Luana, Luanita, Tales, Cris, Maíra, Lucas, Aline, Paulo, Hernani]

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